terça-feira, 23 de novembro de 2010

O abandono das 99


"Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vai após a perdida até que venha a achá-la?" (Lc 15:4)

É incrível como a igreja institucional prefere sempre os santos que oferecem segurança a placa denominacional. A auto-proteção interna da proíbe a igreja de ser de fato igreja, abrigar e socorrer aqueles que realmente necessitam: os estragados.
O próprio Deus sabe o quanto é difícil para o ser humano entender a necessidade de sair da área de proteção em prol de quem precisa, e dentro disso ele resolveu ser didático e utilizar parábolas, como a da famosa ovelha perdida. Por acaso em algum momento o pastor menospresou a tal da "ovelhinha rebelde" que resolveu fugir do rebanho e ir cuidar das 99 "ovelhas boazinhas"? Não.
Mas infelizmente é isso que vemos, quando alguem desagarra do rebanho, a igreja abre mão do seu papel de corpo e expurga-o.
Deus veio para os cansados, oprimidos, estragados, feridos, sujos, excluidos e não para quem está são.
É triste ver quando a igreja deixa de socorrer alguém porque esta pessoa não está mais com a pele limpa. Ao invés de cuidar e limpar, ela prefere que suje mais, machuque mais, e porque isso?
Se a igreja pode entregar uma cesta básica para uma família não-cristã carente, porque não pode ajudar uma família com um membro "desviado" que também precisa de ajuda? Talvez porque faça mais bem para a fama filantrópica da igreja, talvez porque querem se proteger de quem não oferece tanto benefício á imagem da placa da denominação.

Se querem ser igreja, sigam o conselho do próprio Jesus: Deixem de lado suas 99 ovelhas e criem coragem de socorrer aquela que por mais que tenha errado em se apartar, está ferida.


Referências:


Lucas 15
, Tiago 1:27, Mateus 11:28, Mateus 25:35-40

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sobre o episódio que ocorreu com minha família - Casa Roubada

Alguns estão perguntando e para ninguém ficar sabendo de assunto distorcido, vou contar aqui o episódio que aconteceu com a minha família essa semana.

Estamos de mudança, porém a casa está em reforma o que está fazendo com que a gente fique fora de lá até que conclua tudo. Por estar na última semana de reforma, o pedreiro (de uma construtora conhecida, que já havia realizado trabalhos pra minha familia inclusive) mudou-se pra obra para finalizar, a mudança toda já tinha ido pra lá.
Fomos surpreendidas com a notícia que a casa INTEIRA tinha sido roubada, e que o pedreiro havia levado tudo em um caminhão durante a madrugada. TUDO foi roubado, roupas, móveis, eletrodomésticos, enfim, tudo que juntamos e construimos em anos, fora que muito era recordação e herança de gerações. A polícia já está por conta do caso, mas provavelmente muita coisa (se não for a maioria ou tudo) já foi "lavada".

Ainda não fazemos a mínima ideia de como vamos fazer daqui pra frente e como vamos reconstruir tudo, principalmente financeiramente e materialmente falando.

Não sou o tipo de pessoa que tem muita expectativa, não divulgo problemas pessoais e familiares, não gosto de dramas e prefiro não pensar muito em "leites derramados" o que facilita bastante a encarar as coisas, mas até pra pessoa mais "dura" do mundo, saber que sua história foi roubada, dói, por ser impossível de ser apagada e por envolver toda a sua vida.

Creio em um Deus que restaura, não só financeiramente, e se Ele permitiu que isso tivesse acontecido, é porque teve propósito, mesmo que na minha mente pequena, eu não venha entender por enquanto.
Creio também que a palavra de Deus não é mentirosa, portanto, Deus protege, então se de certa forma fomos atingidas ai, é porque Deus quis nos proteger de algo maior, isso não foi um abandono da proteção de Deus, e sim uma proteção além do que podemos entender a proporção... por enquanto.

Claro, minha mãe solicitou ajuda de muitas pessoas e principalmente da igreja para nos ajudar nesse momento, não tenho muita expectativa nisso, mas igreja, vamo ser corpo um pouco? E quanto aos amigos que já estão dando força, obrigada mesmo!
Queremos e precisamos de ajuda,
em oração e na prática!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sinto falta da igreja



Eu sinto uma falta enorme de algo que já fiz parte: a igreja.
Não me refiro a um prédio com altar e cadeiras, muito menos á figuras hierárquicas, me refiro a igreja ao pé da letra, o congregar, a comunhão, aquilo que nos faz chamar uns aos outros de irmãos, onde existe sentimento fraterno.
Minha igreja verdadeira foi na casa de amigos, dançando com o som do computador ligado, jogando alguma coisa, chorando no sofá no colo de alguém ou podendo ter quem me repreendesse ou me apoiasse.
Sinto falta dessa igreja. Tudo ali era de verdade, pessoas de verdade, problemas de verdade e o mais intenso era aquele sentimento de família. A igreja era minha família. Não os via como amigos simplesmente, fazia muito mais sentido chama-los de irmãos.
A partir dessa perspectiva, entende-se o que é a igreja que pra muitos fazem sentido. Não aquela coisa institucional, firmada em tijolos, demagogias e rituais. O culto de domingo era só mais uma celebração onde eu via ainda mais gente, aprendia e depois voltava pra compartilhar tudo aquilo com meus irmãos, fazia sentido pra gente, aquilo que na bíblia diz como "um só corpo". Sinto falta de quem e o que me edifica e me fortalece de verdade.
Mesmo em meio a minha falta e vontade de ter isso tudo de novo, em um momento, não encontro caminhos para voltar para essa igreja verdadeira. Cada irmão foi para um lugar, caminhos diferentes e alguns erros de deixar situações e pontos de interrogação tomar uma proporção maior que deveria, decepções, cicatrizes e feridas ainda doloridas causadas pela instituição e pela religião. Isso acontece/aconteceu só comigo?
Volta igreja, volta para que eu possa voltar pra você.
Nada ocupa o buraco que a falta da igreja me deixou, se a igreja é corpo, eu me sinto como um membro abandonado, ou um corpo desfalcado e não há nada que possa suprir isso.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

...Off by heart

The stars are aligned, but they don't align for us.
Excuse me for I am the ocean, and I will starve for you.
Will you know how to stay brave?
Such fragile moments we share,
You are my everything...
Even with nothing to say.

(city and collour)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Descanso

Me diz qual é a hora pra eu descansar um pouco de tudo.
A noite me cansa e eu quero acordar cedo no domingo pra não perder o ultimo dia antes da segunda, porque eu gosto de acordar sentindo o cheiro do café.
Me diz onde você vai estar amanhã pra eu não ter que procurar pela cidade inteira, não diz que vai ficar em casa,

como é que a gente vai se encontrar e descansar das noites frias de sexta e sábado na rua?
Já cansei de fingir que nao me canso de te esperar.

Eu vou te achar de tarde quando eu menos esperar, você nao se preocupe se está sozinho por muito tempo que eu sei que também tem alguem te procurando, só espero que não demore pra que se encontrem
e eu também estou esperando achar o meu descanso.

- Um Navio (banda aqui de Udi! a musica tá aqui)

Cais ao meus navios


Não acredito que seja tão assustador querer só poder deitar no travesseiro, no meu travesseiro, e dormir em paz, sem pensar em suposições ou em medos.
Ter toda a segurança de ficar um sábado em casa.

Queria estabilidade. Queria dormir com um rosto do lado que eu soubesse que seria o mesmo na semana seguinte, o mesmo semblante.

Queria não estar cansada, que o que me da descansos momentaneos fosse um descanso de fato, e não uma falta de paz subjetiva.
Eu queria ser o descanso do meu fardo,
mas um navio que não se tem nem se quer rumo, não pode ter um porto seguro.
Ao menos, dê porto aos meus navios.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

ensaiando paciência

Eu não sei da onde surgiu em mim uma espécie de paciência. Não sei se paciência é uma palavra certa, sempre questiono se uma pessoa ansiosa (como eu) pode ser ao mesmo tempo paciente, mas em mim, não sei como, existe essa confluência.
Derrepente comecei a segurar palavras, levar desaforo, engolir á seco e até fingir de boba.
Quem sabe isso seja uma confissão, frustrante para alguns, e confesso com um pedido de desculpas, mas preciso dizer que não sinto sempre aquilo que exteriorizo.

Não ando suportando tanta cara, aguentando calada e com um sorriso dissimuladamente inocente pessoas que juram que não sei o quanto falam as piores coisas ao meu respeito.
Essa paciência auto-flagelante me surpreende ás vezes, a ponto de aguentar até acordar constantemente do lado de alguém que eu sei que no mesmo dia pode virar o jogo e acordar com outra pessoa. Fingir que não vejo certos olhares e chegar dançando perto de quem eu vi que acabou de me olhar com desprezo.
Sim, eu vi todos os comentários, sei de tantas coisas faladas, histórias aumentadas, aquelas rodinhas de casos falsos, o que você diz para sua amiga, de beijos distribuídos á outras bocas por boca que beijo sempre, do que você disse sobre mim noite passada, mas e aí? O que esperam que eu faça? Morra, chore ou fique em depressão? Não... não sou disso, definitivamente. Aprendi que se for pra sofrer e preocupada, que seja por algo útil, e se não há nada a ser feito, se não se pode fazer nada. ignore, e se encher o saco ou começar a colocar sua honra em jogo, foge.

Talvez toda essa paciência se dá pela falta de paciência que eu tenho de criar casos chatos, gente gritando, olhar tordo, pessoas dividindo-se.... tenho uma preguiça incontrolável disso e essa preguiça é que me faz optar por parecer para alguns, ás vezes, a pessoa mais inocente, lerda, boba e cega do mundo.
Cada nome que está ao meu lado quase sempre, todo fim de semana, e eu cansada de saber de todos os olhares e palavras que eu teimo em ficar calada e fingindo a maior das inocências por pura falta de vontade de criar casos que eu considero chatos e desprezíveis.

Mas para contrabalancear essa "virtude" paciente, eu tenho uma enorme falha, me canso fácil de coisa que se torna chata. E rapidamente certas coisas se tornam chatas, perdem o sentido e enche o saco. E aí fica a espera, de quanto a pessoa aparentemente mais paciente do mundo vai se cansar disso tudo, derrepente.

Eu sou assim, derrepente eu sumo, paro pra pensar do nada, vejo cenas que me enjoam engolidas á seco, me canso e depois de tudo ou finjo que tá tudo bem ou coloco ponto final. O problema é que em tudo eu nunca sei quando vou fingir que está tudo bem, ou quando vou colocar o ponto final.

Desculpem-me os que sempre me acharam um doce de pessoa simpática e tolerante que não percebe nada, mas confesso aqui que a parte do tolerante e simpática pode até ser, mas não sou tão legal quanto parece e o que eu sinto por muitos não é tão doce e simpático quanto os muitos abraços que tenho dado.