terça-feira, 13 de julho de 2010

A Cura

Dead Fish

Dois mil anos mais, apenas por termos fechado os olhos algumas vezes, até quando culpar?
Sublimar o que é ruim, apontar o dedo assim, acreditar na redenção.
Se o pior está aí não posso estar em seu lugar, certo demais! puro demais!
Vidas fogem ao controle com as armas os beijos, carregados de seus pecados, frágeis,intensos.
Se deleguei o meu poder, controlado controlar, toda dor será prazer.
E todo orgulho esconderá que me mato em você.
A razão da vida é. E toda dor e todo prazer e todo sexo e poder e nos discursos feitos pelo bem.
Onde errei!?
Quantas vezes vamos desistir?
Quantas vezes omitir?
Culpar por culpa, curar sem cura.
E se em dois mil anos eu me curar?

E você...
já não estiver mais aqui.

Nada esperado, nem desesperado

"Deu vontade de ficar mais tempo junto, deu vontade de levar essa história até o fim - e eu não tenho a menor idéia do que você pensa a respeito, a gente não conversa sobre isso, só fica fazendo uma linha nada-tem-muita-importância, ou algo assim.
Esperar dói. Esquecer dói. Mas não saber se deve esperar ou esquecer é a pior das dores."
(Caio Fernando Abreu)

Me estranho nessa tranquilidade que estou, talvez eu tenha realmente tenha conseguido condicionar esse músculo que eu tenho dentro do peito esquerdo ou porque acredito piamente em mais uma frase de Caio Fernando:
"Não há nada a ser esperado, nem desesperado."

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Resumo da minha semana

O resumo da polêmica dor de cabeça que me ocorreu essa semana estão nestes 2 posts (que eu fiz a pouco tempo atrás), que são letras de música que tiram palavras da minha boca e complementam minha opinião. Vale a pena ler, inclusive antes de comentários.

- Manobristas de Homens

- Falso

Queda Livre

(Dead Fish)


Quando eu cai e beijei o chão, vi em seus olhos algum brilho de prazer.
Rastejei por algum tempo, entenda: isso foi muito bom pra mim!
Pude encarar minhas verdades, de frente pude ver o quanto posso errar, falhar e ver que pode ser muito natural.

Você é covarde demais pra entender o quanto é intenso!
Agora todos os extremos,
Insistir que o erro é dos outros!

Você devia vagar sozinho por aí e pela escuridão e perceber, e realmente ver que existir é muito mais.
Ainda me sinto tão cansado, mas sei, sou muito mais forte.
Já sei o que é estar só, estou pronto pra me levantar e caminhar em sua direção.

Você é covarde demais pra entender o quanto é intenso!
Sei o que é o fel e o mel, ao contrario do que pensa você.

Sim, você ainda pode me vencer, mas você sabe que não vou desistir,
Já provei do seu sangue em minha face, a dor já faz parte do total.

O tempo já não me importa mais, pois ainda estou aqui!
Aceite, estou aqui.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Exclusão por falta de máscara

Uma certa igreja na minha cidade, cedeu o espaço para que um político viesse responder as perguntas do povo sobre seus planos politicos e apresentar sua campanha. Como me interesso muito por saber o que candidatos pretendem e tenho mania de pesquisar tudo sobre eles, achei interessante a possibilidade de ter um contato mais proximo com esse candidato e até mesmo fazer algumas perguntas.
Havia muito tempo que eu não ia naquela igreja, queria muito ver as pessoas, como estava a estrutura do lugar e matar demais saudades. Quando cheguei ao local, a primeira coisa que falaram era como eu estava exagerando nas minhas tatuagens e aquele certo olhar de horror em cima do meu braço recém tatuado, disseram até para minha mãe que eu estava "esculachando" com essas tatuagens e com meu corpo. Eu estava usando um short jeans, uma regatona branca e meus velhos tênis Vans um pouco sujos do dia a dia (visual considerado de "extrema vulgaridade"), meus visual de sempre, e que consequentemente deixa quase todas as minhas tatuagens expostas. Até ai, nada fora do que uma pessoa com cerca de 15 tatuagens está desacostumada, quando fui entrando ao local, um pastor da igreja acompanhado de uma pastora, puxaram minha bolsa e seguraram ela dizendo que "daquele jeito" eu não podeira entrar na igreja, que eu deveria colocar uma blusa de frio por cima porque se eu não fizesse isso eu estaria desrespeitando os "irmãos" ali presentes, que eu não estava em condições de entrar naquele local com meus visual atual. Após algum tempo de discussão em vão e eu tentando dizer que não colocaria nenhuma máscara pra entrar na igreja, resolvi ir embora para evitar maiores conflitos.

Caso contado, digo o que senti e minha opinião sobre o assunto, falando inclusive sobre as opiniões alheias posteriores ao fato.
Vou colocar alguns pontos:
- Quando esse tipo de preconceito acontece fora da igreja, os crentes são os primeiros a falar que isso é um absurdo e que a igreja deveria acolher quem é vitima disso, mas não foi bem isso que aconteceu.
- Não acho que só porque aconteceu na igreja eu tenho que por pano quente não, isso é hipocrisia e farisaismo. Máscara. Se é na UNIBAN todo mundo pode falar horrores, se é numa instituiçao religiosa tem que ficar quieto? Por que?
- Preconceito é preconceito em qualquer lugar! Em escola, na padaria ou na igreja. Pré-julgamentos são pré-julgamentos independente de local.
- Não é porque eu tenho 50 anos ou 5 dias de igreja que eu me sinto menos ofendida com esse tipo de atitude, se sentir mal diante de um absurdo desses não depende de quantos anos eu frequento a igreja ou de quanto conhecimento bíblico eu tenho. Ofensa é ofensa. E eu ter a vida interia dentro de lideranças de igreja, não quer dizer que eu não precise de cuidados, que eu não passe momentos dificeis e muito menos que eu seja obrigada a aceitar e não me onfender com desaforos.
- Eu acho o cúmulo da hipocrisia quem vem falar "toma cuidado com suas palavras" e "Deus tá vendo o que você tá fazendo" só porque eu estou no meu direito de falar contra uma atitude incorreta que precisa ser confrontada pra que não afete mais pessoas. O próprio JESUS nunca deixou barato hipocrisia, preconceito, pré-julgamento, exclusôes e farisaismo dentro da igreja e sempre quebrou o pau em todas as ocasiões.
- Igreja não tem que ser um lugar pra gente ir mascarado, mas um lugar pra que possamos ser como somos de verdade, a igreja tem o papel de ser o único lugar onde podemos ir de cara lavada, como é mencionado na bíblia naquela esquecida frase que diz "venha como estás".
- Eu faço questão de ir mais, digamos, "bem comprortada" em algumas igrejas tradicionais para evitar desconfortos, mas em uma igreja que prega a liberdade de expressão e uma visão revolucionária que aceita as pessoas como elas são, eu acho que uma "capa santa" é desnecessária.
- Não me venham com essa de "eu teno que ser um exemplo porque eu sou líder de 900 anos de crente" porque aquilo era um serviçõ público, nem culto era, acorda gente!
- Por ultimo, posto que não era um evento religioso e sim um evento de SERVIÇO PÚBLICO, eu posso ir do jeito que eu quiser. Se por acaso um travesti ou uma prostituta entrassem lá dentro para sondar um político sobre suas intenções e manifestar seus direitos, eles também seriam barrados por "desrespeitar os irmãos"? Ou os "irmãos" só olham com maldade pra quem é da igreja?

Bom, analisem agora suas opiniões e o que é igreja pra vocês.
Lugar de máscaras ou do "venha como estás"?

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Á minha mãe, Wânia Magnino Cardoso


Confluência talvez seja a palavra certa para descrever essa pessoa que tanto tenta se descrever em parágrafos.
Pérolas e tatuagens.
Caberia em duas mulheres de Cazuza: Mulher Vermelha e Menina Mimada.
Talvez sua condição de perdigree ainda te faz temer soltar sua alma de vira-lata que por tantas vezes saiu livre e fez notícia, ainda que com um pé atrás.
Seja em morro, na rua, em um hotel 5 estrelas, em chão batido ou de mármore, o salto está lá.
Bíblias e Rod Stewart, mãe coruja e eterna adolescente.
Confluência em salto alto.

Parabéns pela mais confluente estréia que ocorreu em 1964

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Metades


Eduardo Baszczyn

Porque, há muito, eu erro a receita do equilíbrio. Uso a parte que não deveria na hora em que não poderia. Me confundo com as metades que brigam dentro de mim.

Porque parte acelera na estrada, no momento da curva fechada. Pé direito até o fim, enquanto outra freia, bruscamente, ao ver a primeira placa. Seta torta, avisando sobre o perigo.

Metade não suporta a burrice, a pequenez, a lerdeza. Outra, sempre calada, tolera a banalidade. Engole a ignorância. Convive com a mediocridade.

Há muito, eu erro a mão. A dose. Me confundo com o que devo usar. Porque metade briga. Explode. Dedo apontado na cara, enquanto outra se recolhe, quieta, debaixo da cama. No quarto fechado. No tudo escuro.

Metade berra. Outra sussurra.
Tenho uma parte que acredita em finais felizes. Em beijo antes dos créditos, enquanto outra acha que só se ama errado.
Tenho uma metade que mente, trai, engana. Outra que só conhece a verdade.
Uma parte que precisa de calor, carinho, pés com pés. Outra que sobrevive sozinha.
Metade auto-suficiente.


Mas, há muito, eu erro a mão. A dose. Esqueço a receita do equilíbrio. Me perco.

Há dias em que uso a metade que não poderia. Dias em que me arrependo de ter usado a que não gostaria.

Porque elas brigam dentro de mim, as metades. Há algumas mais fortes. Outras ferozes. Há partes quase indomáveis.