sexta-feira, 7 de maio de 2010

Crosta

formulado apenas com trechos de Caio Fernando Abreu


É uma relação bonita, que eu quero preservar e deixar crescer.
Acontece porém que não tinhamos nenhum preparo algum para dar nome ás emoções,nem mesmo para tentar entendê-las.
Aprendi a amar menos, o que foi uma pena, e aprendi a ser mais cínica com a vida, o que também foi uma pena, mas necessário.
E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça.
Tenho uma vontade besta de voltar, às vezes. Mas é uma vontade semelhante à de não ter crescido. Mas foi bonito. Não tinha importância que não desse muito certo. — Repetiu: — Nós só tínhamos dezesseis anos.
Nós nos inventamos um ao outro porque éramos tudo o que precisávamos para continuar vivendo. Deu vontade de ficar mais tempo junto, deu vontade de levar essa história até o fim.
Na minha memória - tão congestionada - e no meu coração - tão cheio de marcas e poços - você ocupa um dos lugares mais bonitos.
Não, não sei o que gostaria que você me dissesse. Dorme, quem sabe, ou está tudo bem, ou mesmo esquece, esquece. Não consigo.
Mudei, embora continue o mesmo. Sei que você compreende.
É preciso acabar com esse medo de ser tocado lá no fundo. Ou é preciso que alguém me toque profundamente para acabar com isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário