segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ice Cube Heart?

Mais uma só com trechos de Caio Fernando Abreu


Sabe toda aquela ideologia de que é possível viver sozinho? Pois é...
É esquisito, mas sempre orientei minha vida nesse sentido — o de não ter laços, o da independência, de poder cair fora na hora que quisesse.

Por não querer mais depositar esperanças em nada que pudesse vir de fora, já que de dentro nada mais viria, estava certo...
O maior medo era o destemor que sentia. Íntegro, sem mágoas nem carências ou expectativas. Inteiro, sem memórias nem fantasias.
Sem esperas, sem amarras, sem receios, sem cobertas, sem sentido, sem passados.
É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado.

Como se seu corpo fosse apenas a moldura do desenho de um rosto apoiado sobre uma das mãos, olhos fixos na distância.
Mas também não vou te obrigar a ficar. Vou entrar na onda de ser moderninha. Independente. Fria.
O essencial sempre ficara no fundo, esmagado pela superficialidade.

Creio que o motivo pela esperança de que a luz e o calor pudessem amenizar a dor e secar as feridas, aproximei-me lentamente do fogo
No meio da fuga, você aconteceu.

Parece dificil de enxergar que insistir nisso é perda de tempo, é perda de vida em uma causa perdida.
Tão instáveis, hoje aqui, amanhã ali.

Me vem o medo de estar agindo errado, de estar gerando feições horríveis, que mais tarde não sairão com facilidade.
É preciso sim ser biônica, atômica, supersônica, eletrônica, vocês pensam que eu sou de ferro?
Esse é o maior problema dos desejos, eles não aceitam não como resposta. Você só coloca um ponto final nele se for até o fim.

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