Saudade, para José Terêncio Junior

"Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive."
(Vinícius de Moraes)

Hoje cheguei de viagem e como de costume, queria ligar pro Junim pra ir pra colocar assuntos em dia, contar como foi, rir um pouco e ver um filme. Quando eu vi que não dava mais, fiquei com uma sensação de deslocada.
Desde quando ele falou que ia pra Londres, resolvi não pensar muito no assunto, até porque sempre que tentava fazer isso, começava a chorar, então decidi apenas aproveitar. E pra piorar, o filho da mãe ainda não sabe quando volta.
Eu nunca escrevi pra um amigo, na verdade, nunca confiei em ninguém completamente e vi uma amizade tão firmada a ponto de eu ter tranquilidade nas palavras. Até eu conhecer o José Terêncio Junior, uma pessoa quase completamente oposta de mim, e talvez seja esse o motivo desse cara ter deixado se ser mais um grande amigo e se tornado um irmão, ou mais do que isso.
Nunca ninguém me ensinou tanto, e eu, não sou muito fácil de quebrar a cabeça e me deixar ser ensinada. Esse é um dos motivos pelos quais ele se tornou a pessoa com que eu mais escuto com respeito (mesmo que nem sempre) e aceitando (ou engolindo calada) o que me é dito. Seria o único que me faz pensar mais de 3 vezes antes de fazer e falar alguma coisa?
Acredito que Deus tenha entregado uma cópia do meu manual de instruções pro Junim.

É tão engraçado ver minha mãe, namorado e afins dizendo: "vou contar pro Junim", "vou falar pro Junim falar com você". Na verdade, eu realmente sou um poço de complexidades, impulsividades, dificuldades e emoções que Deus teve misericórdia de quem gosta de mim e jogou toda a responsabilidade na mão do Sr.Zé Terêncio, provavelmente pra que essas outras pessoas se livrassem desse peso e não me amassem menos, ou pelo menos não se casassem.
Aí eu penso, o que uma pessoa como ele, racional, prática, que pensa 5 vezes antes de agor estaria fazendo do lado de alguém tão emocional, complicada e impulsiva como eu? Preenchendo todos esses buracos que ficam vagos com a minha personalidade e a minha essencia.
Acredito que isso também seja recíproco, tenho certeza que a vida dele seria menos divertida e emocionante sem mim, haha! Vejo a gente como pessoas que se compeltam em áreas diferentes. E fico feliz por isso ser tão claro pra todos que me cercam, por essa amizade tão familiar ser tão transparente.

Poder ser quem eu sou com alguém me tras uma paz muito grande, uma sensação de liberdade onde tudo é muito claro, sem máscaras. E por isso eu sempre fujo pra perto quando eu quero ser simplesmente a Amanda, sem mais esforços.
Quando eu penso que tanto nos piores quanto nos melhores momentos da minha vida o Junim estava perto, eu vejo que família ficou uma palavra pequena perto do que a gente vive. Desde as madrugadas de choro onde só tive a confiança e o apoio dele até os dias que eu queria rir de coisas idiotas.

Ninguém fez por mim o que você fez, Junim! Por tantas vezes.
Sério, quando falam de amizade, me vem você nma cabeça na hora!
Na boa, agora que minha ficha caiu, eu to me sentindo sem chão. Deslocada, ainda sem saber o que eu faço sem ir pra sua casa, onde eu vou fazer festinhas, pra onde eu vou pra não fazer nada, com quem eu vou ser 100% eu mesma, com quem eu vou fazer bolo a noite, quem vai me escutar com paciência (ou pelo menos com sapiencia, haha), quem vai me aconselhar, quem vai me pastorear, escutar Vinícius e entrar em extase, quem vai rir das minhas besteiras, quem vai esclarecer minhas duvidas mais chatas, com quem eu vou me matar de rir a quaquer hora, com quem eu vou ser tão livre.
Cara, não imaginei que eu fosse ter que me re-organizar tanto com a sua ausência, e olha que faz pouco mais de uma semana que você vazou fora!

To sendo egoísta, quero que você encha o saco dessa terra de branquelos e volta logo pra cá. Na boa, ai é muito frio (literalmente) e você nasceu pra boemia, ou seja, volta pra Brasil logo!

"Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! A alguns deles não procuro, basta saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida...mas é delicioso que eu saiba e sinta que eu os adoro, embora não declare e os procure sempre..."
(Vinícius de Moraes)