segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ice Cube Heart?

Mais uma só com trechos de Caio Fernando Abreu


Sabe toda aquela ideologia de que é possível viver sozinho? Pois é...
É esquisito, mas sempre orientei minha vida nesse sentido — o de não ter laços, o da independência, de poder cair fora na hora que quisesse.

Por não querer mais depositar esperanças em nada que pudesse vir de fora, já que de dentro nada mais viria, estava certo...
O maior medo era o destemor que sentia. Íntegro, sem mágoas nem carências ou expectativas. Inteiro, sem memórias nem fantasias.
Sem esperas, sem amarras, sem receios, sem cobertas, sem sentido, sem passados.
É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado.

Como se seu corpo fosse apenas a moldura do desenho de um rosto apoiado sobre uma das mãos, olhos fixos na distância.
Mas também não vou te obrigar a ficar. Vou entrar na onda de ser moderninha. Independente. Fria.
O essencial sempre ficara no fundo, esmagado pela superficialidade.

Creio que o motivo pela esperança de que a luz e o calor pudessem amenizar a dor e secar as feridas, aproximei-me lentamente do fogo
No meio da fuga, você aconteceu.

Parece dificil de enxergar que insistir nisso é perda de tempo, é perda de vida em uma causa perdida.
Tão instáveis, hoje aqui, amanhã ali.

Me vem o medo de estar agindo errado, de estar gerando feições horríveis, que mais tarde não sairão com facilidade.
É preciso sim ser biônica, atômica, supersônica, eletrônica, vocês pensam que eu sou de ferro?
Esse é o maior problema dos desejos, eles não aceitam não como resposta. Você só coloca um ponto final nele se for até o fim.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Marinheira


Coração de marinheiros não tem dono, quem manda no coração dele é só a maré. Aventura atrás de aventura.
Marinheiros não conseguem ter rotina. Amores são de porto em porto, ama e desama, mesmo tendo seu navio maior sempre á espera.
Impossível ficar em um só lugar quando o mar é tão vasto. A casa é o mar, porque o mar é sem limites.
Ele fez uma aliança com a vida, casou-se com suas próprias asas.
Quantos amores, quantas loucuras, quantas histórias, quantas aventuras, quanta intensidade.
Jamais tente prende-lo á apenas uma terra sólida. Nunca é possível limitar o ilimitado.
Quem sabe um dia encontra um cais no qual vai repousar pra sempre,
Mas ainda há tanto pra viver...
Esse coração de marinheiro.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Olhos nos Olhos


por Chico Buarque

Quando você me deixou, meu bem, me disse pra ser feliz e passar bem.
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci,mas depois, como era de costume, obedeci.

Quando você me quiser rever,
Já vai me encontrar refeita, pode crer.
Olhos nos olhos.
Quero ver o que você faz ao sentir que sem você eu passo bem demais.

E que venho até remoçando, me pego cantando, sem mais, nem por quê.
Tantas águas rolaram, quantos homens me amaram bem mais e melhor que você.

Quando talvez precisar de mim, você sabe que a casa é sempre sua, venha sim.
Olhos nos olhos.
Quero ver o que você diz, quero ver como suporta me ver tão feliz.

Página em Branco


Ontem ao chegar em casa me deparo com a notícia que um grande homem de Deus, pregador e conhecedor genuíno da Palavra, passando dos 50 anos e reconhecido por sua vasta sabedoria, estava derrepente preso nas quatro paredes brancas de um hospital.
Chegamos a uma altura do campeonato em que tanto nos foi ensinado, já sabemos tanto (ou achamos que sabemos) sobre Deus que nada mais acrescenta com a mesma facilidade do tempo de inocência. Por mais que ainda provemos da graça diária e do cuidado de Deus, ainda falta aquele ensino quase didático que aprendíamos com tanto gosto quando ainda eramos meros alunos da grandiosidade de Deus. E que engano pensar que essa grandiosidade tem limites e que podemos nos sentir "diplomatas de Deus".
Me vi na mesma situação daquele homem, uma vez que eu já estava saturada e nada mais me encantava como nos meus primeiros passos. Eu estava em fardo, em um tédio espiritual carente de querer saber mais alguma novidade sobre Deus. Algo que eu ainda não sabia, além das teorias já ensinadas, dos versículos já decorados e das palavras já pregadas. Eu já sentia falta até mesmo de alguém que me provasse que eu estava completamente errada á cerca de algo sobre Deus, mas meu conhecimento que eu julgava tão vasto, me bastava e me bloqueava de tudo que era novo. E como é grande a necessidade de mais, do renovo de conhecimento diário, que eu já não tinha mais...
Por mais que eu reconhecesse e agradecesse o derramar da graça e dos presentes diários que mesmo sem merecer Deus nunca me deixou de entregar, ainda não era o suficiente pra que fosse realmente impressionante, á ponto de mudar alguma realidade minha, me mudasse um conceito, me surpreendesse de fato.
Deus também me permitiu ficar entre quatro paredes brancas, não devido á alguma doença da carne, mas á uma doença na alma. Derrepente todos os meus conceitos, toda a minha suficiência, todas as minhas certezas se desfizeram, eu fiquei com medo, me senti nua, pra onde havia ido toda a minha segurança? Me senti um papel em branco. Tanta aparente contradição, tanta dúvida, tanta dor e essa falta de conseguir conectar os fatos da minha vida e achar algum nexo nisso tudo me emparedaram.
Precisou de que eu fosse ao ponto zero para recomeçar a contagem.
Deus ainda tem tanto a me ensinar, eu já não conseguia aprender. Depois de tanto eu ensinar, eu já não conseguia aprender.
Agora é tempo de recomeçar a contagem, aquelas novidades que eu tanto esperava estão por vir, mesmo que em meio ao medo, sinto que finalmente vou me surpreender.
Eu era uma pedra, forte, bela, firmada (e ainda firmada), mas depois que foi fortemente ferida, descobriu-se que havia ouro por trás daquela rocha.
E estas quatro paredes brancas da minha alma me tornaram um papel branco.

Sou mera página limpa. Deus, comece a escrever!

Carta ao grande amigo

Chorar por saudade de um amigo, sentir o vazio que ficou, me faz ver que no meu coração (tão cheio de marcas e por hora tão petrificado) ainda há sentimentos genuínos de amor de verdade. Nesse oco que sinto no peito vejo que ainda preciso de pessoas, abraços, conselhos, um amigo!
Eu que guardo em mim uma auto-suficiencia e uma falta de segurança em confiar, observo os tijolos da minha insegurança caindo um por um quando eu vejo que desde quando você se foi um rombo passou a existir.
Eu sempre fui tão segura comigo, tão auto-tudo, tão independente, agora vejo que preciso de alguém mesmo que seja pra dividir um bolo feito em casa, e que esse bolo pode me fazer sentir viva!
Doeu de saudade e foi estranho. Por um momento pensei que se um grande amigo estivesse ao meu lado, eu pularia obstáculos com mais suavidade e se por ventura eu viesse a cair, eu teria uma mão pra me ajudar a levatar e até mesmo tratar dos meus machucados.
E quantas feridas na alma ainda latejam por eu não encontrar quem possa passar um remédio em cada uma delas.
Já não tenho com quem comentar os versos de Vinícius ou quem me deixa livre pra dançar enlouquente e rindo, livre, sem medo de um olhar torto, mas fitada por um olhar de alegria compartilhada.
Ah, se você estivesse aqui seria tudo tão diferente. Já não sei onde está meu equilíbrio e aquela alegria limpa que você tinha o dom de disseminar eu ando procurando nas ruas sujas.
Penso que essa sua falta é simplesmenre para colocar minha independência á prova. Hoje, eu que sempre me fiz forte digo: eu preciso, eu dependo.
Volta e me ajuda a colocar minha vida no ponto de equilíbrio que eu perdi desde quando sua ausência chegou.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

A Trava no Olho


"E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?" (Mt 7:3)

Não há como negar que estamos emergidos em uma confluência de novas teorias.
Ao nos apegar á Palavra de Deus, a bíblia, passamos a ficar cada vez mais intactos á influências de teorias externas aplicadas ao cristianismo puro e simples. A bíblia é Kriptonita para heresias.
A condição humana não nos deixa ficar imunes ao erro, uma vez que somos humanos, estamos sujeitos a ser infectados pelo o que nos cerca, de fatores psicológicos a sociais e isso é refletido no nosso comportamento e também nas nossas palavras.
Analisando esses fatos, penso como é errado colocar expectativas em homens. Por mais que o humano em questão tenha um belo diploma de teologia, um reconhecimento internacional ou longos anos de estrada, a condição de gente dele permanece intacta. Não podemos esperar de homens verdades absolutas, uma vez que qualquer verdade ou palavras vindas de humanos são carregadas de experiências pessoais, fatores psicológicos e sociais. Devemos vê-los como transmissores da palavra de Deus, pensadores abençoados com inteligência, mas ainda assim, sujeitos a falhas.
O maior mandamento é o amor, acima de qualquer conhecimento intelectual, e ao julgarmos alguém por ter criado uma teoria decadente ou ter falado alguma besteira devemos olhar para nós mesmos, para nossa própria condição e reconhecer que aquela pessoa é igual a nós. Que tipo de amor cria um tribunal surdo onde temos todo o poder de julgar sem ao menos conhecer? Deus é o único juíz porque só Ele conhece o coração humano verdadeiramente. Nós conhecemos letras, Deus conhece coração!
A crítica é essencial para contruir verdades e abrir olhos, mas para onde direcionar tais críticas?
Já houve uma cruscificação para que não precisássemos ser crucificados. Não precisamos mais botar ninguém na madeira.
Batam contra teorias e não contra humanos!
Palavras não tem coração, humanos têm. É aí que o amor que supera todo intectualismo é colocado em prática.
Inteligência não é ir contra uma pessoas, é combater palavras com palavras.


>>Escutando: Manobristas de Homens - Violins

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Minha capacidade produtiva anda comprometida.
Não por falta, mas por excesso.

Estou em uma fase caótica, um tubilhão de idéias e conceitos sendo trocados.
Meus olhos ainda estão ardendo depois que a janela abriu e entrou uma luz muito forte.
Estou tentando, aos poucos, organizar minha mente, na verdade ando pelo menos tentando agrupa-la ou separar por gavetas, acho que organizar eu nunca vou conseguir.

Muita coisa vem por aí, mas talvez possa haver um espanto em relação ás minhas posturas.
Penso que essa fase é necessária pra ampliar minha visão.

Eu penso demais, além da conta, chego a vislumbrar.
Seria muito mais fácil se eu me conformasse em ter uma bela aparência e um bom lugar no mundo, mas não foi essa a minha escolha.

manobristas de homens

Aos que esticam dedos pra apontar na primeira cara após qualquer atitude suspeita, á esses tijolos bem colocados travestidos de santuários falsos, aos que não tiram travas nos olhos.

"Ao chegar eles me revistam dos pés à cabeça,
Procurando alguma pista do que fiz na Terra,
Mas eu não preciso de aprovação, eu não exijo lugar no céu.

Vocês são manobristas de homens,
Nunca se importou em me conhecer, nunca pode.

Tente permanecer vivo presos aos impulsos dos seus próprios pés, da sua própria fé.
É tão incrível quão tolos são pretensos juízes do seu coração

Eles são manobristas de homens,
Nunca se importaram em te entender, que se fodam...

Ninguém controla o mundo, que poder julga tudo num tribunal surdo?

Ninguém controla o mundo (que tipo de bondade não perdoa?),
que poder julga tudo num tribunal surdo?"

(Violins)

Entre o céu e o inferno


De mim, para Deus:

"É o lugar que achei entre o céu e o inferno,
pra quem ficou perdido entre o bem e mal, pra quem mentiu e também foi sincero, pra quem brilhou e depois morreu sem sal, pra quem brincou e também foi austero.

E eu posso inventar a missa louvar o acaso e absurdo em noites que te chamei sem ouvir respostas.
Enquanto o mundo te cobra sempre um futuro, a lama e a gloria são a mesma bosta

É pra você que eu vivo o deus do claro e o escuro,
Com coração de rua com as mãos imundas,
Mas sou Teu sem culpa...

Circulando como ácido num cano aberto e frágil das veias que te enforcam num golpe tão discreto.
É o meu glorioso grito pra encenar um plágio,
Como se eu fosse um gênio, como se isso fosse fácil.

É o lugar que achei entre o céu o inferno,
Pra quem chorou caído e quem venceu cansado, pra quem pariu um filho ou quem se fez sozinho, pra quem pensou no outro e quem roubou o estado, pra quem bateu na cara e depois deu carinho.

E eu posso celebrar a missa num canto sujo desse mundo em dias que Te chamei sem ouvir resposta.
Se todo mundo te cobra sempre uma postura, os homens e os deuses são a mesma aposta.

É pra você que eu vivo o deus do claro e o escuro,
Um coração de rua com as mãos imundas,
Mas sou Teu sem culpa..."

(Violins)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Por que eu amo a Igreja mesmo ela parecendo uma porcaria

É bom ver que tem amigos e parceiros que compartilham das mesmas crises e dores que a gente, esse texto do meu fella Ariovaldo Jr. seria exatamente o que eu escreveria sobre esse assunto.


Às vezes dizemos que a igreja se tornou uma merda. Mas ela possui virtudes que não podem ser desprezadas. Além de ser a única organização oficialmente encarregada de ser porta-voz do evangelho, ela também possui em sua natureza missiológica, a consciência de que PARAR não é uma opção.

Isto explica em parte o motivo pelo qual as pessoas preferem se dedicar a ministérios desconectados de tudo ao invés da velha igreja. Nos ditos “ministérios”, não há um compromisso de continuidade. Você é livre para ir e vir, conforme der na telha; sem a necessidade de prestar contas de suas ações a ninguém e tampouco dar satisfações sobre as decisões tomadas em nome da conveniência.

Esta crise de visão nem chega a ser uma novidade. Ela surge de tempos em tempos, quando as pessoas chamadas por Deus passam a se considerar a “última bolacha do pacote”. Aconteceu com os que migravam do Egito para a terra prometida. E novamente com os discípulos de Jesus. Ambos consideravam que suas ações estavam desconectadas do contexto social e histórico do momento.

Curiosamente Jesus fez o contrário do que parecia conveniente. Antes de ser um subversivo, era um frequentador assíduo de sinagogas. E o reconhecimento público era visível, quando pessoas que faziam parte do sistema religioso vigente insistiam em chamá-lo de mestre.

Subversão sem submissão é algo que não faz muito sentido.
A verdadeira revolução se faz de dentro pra fora.
E ela não é baseada em “novos modelos”. Mas em viver com coerência o ÚNICO MODELO.

A igreja não cheira tão bem quanto deveria, mas eu não tenho outro lugar melhor pra ir.

terça-feira, 11 de maio de 2010

10 Comerciais Japoneses Excêntricos

Se tem uma coisa que me motiva a acordar toda manhã são comerciais japoneses. Nossos amigos dos olhos puxados tem uma capacidade de comprar e vender coisas de uma forma tão excêntrica e fácil que chega a me comover. Vamos então contemplar a fofa e cantarolante publicidade japoronga:

1
Olha como se vende suco de vegetais pra crianças. Esse popipo é o rei dos popipos pra sempre. (prepare-se porque durante uma semana isso vai bloquear a sua mente)



2 Comerciais de pretzels se superam dia após dia



3
Sensualizando com popipo



4 Esse é muito chato, eu to avisando, cuidado pra não fazer o ninja e quebrar a tela.



5
Lá, uma mulher vende chá dançando vestida de galinha



6
Um pote de arroz te convence fácil



7
Ainda estou por entender esse



8
Toilet feliz



9
Quando digo que eles vendem tudo, é tudo mesmo, calças pra dedos por exemplo.




10
Comercial de pipipipipizza

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Dissertando-me

Elaborado com trechos de Caio Fernando Abreu


O que havia me mantido viva hoje era a ilusão ou a esperança dessa coisa, "esse lugar confuso", o Amor um dia. E de repente te proíbem isso. Eu tenho me sentido muito mal vendo minha capacidade de amar sendo destroçada, proibida, impedida.
Dizia qualquer coisa como "a realidade não importa, o que importa é a ilusão", no que eu concordava plenamente.

Mudei muito, e não preciso que acreditem na minha mudança para que eu tenha mudado.
Fico tão cansada às vezes, e digo pra mim mesma que está errado, que não é assim, que não é este o tempo, que não é este o lugar, que não é esta a vida e fico horas sem pensar absolutamente nada.
Tô exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém.

É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado.

Acho que sou bastante forte para sair de todas as situações em que entrei, embora tenha sido suficientemente fraca para entrar.
Não sei o que faço, onde fico: tenho muito medo, mas confio em Deus. E apesar do medo há em mim uma paz enorme que eu chamo de felicidade.

Tão estranho carregar uma vida inteira no corpo, e ninguém suspeitar dos traumas, das quedas, dos medos, dos choros.
Depois de todas as tempestades e naufrágios o que fica de mim e em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro.

Penso: quando você não tem amor, você ainda tem as estradas.

Tenho várias teorias novas sobre a futilidade como arma essencial para a sobrevivência nestes hard times.
E não sou sequer promíscuo. Dum romantismo não pós, mas pré todas as coisas - um romantismo que exige sexualidade e amor juntos.

Ainda vai ter uma festa que eu vou dançar até o sapato pedir pra parar… Aí eu paro, tiro o sapato e danço o resto da vida.

Deixa que a loucura escorra em tuas veias. E quando te ferirem, deixa que o sangue jorre enlouquecendo também os que te feriram.

Pós-traumático

Elaborado com trechos de Caio Fernando Abreu


Estou sendo muito honesto ao te contar essas coisas, poderia facilmente escondê-las: sei que me arrisco a te chocar, te ferir, te agredir.

Alguém lhe prometeu um reino certa vez, um reino de paz e amor, e você está esperando esse reino. Só nesse dia, quando o encantamento quebrar e o seu reino for revelado, só nesse dia todos vão saber que você sempre foi uma princesa.
Seria tão bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas infelizmente nós, a gente, as pessoas, têm, temos - emoções.

Penso em você apesar de não sentir sua falta e muito menos sua presença. Penso em você porque sinto um vazio, que eu não sei do quê e nem por quê. Revelo, então, mais uma vez, minha estupidez, já que não é você quem vai me salvar e nem muito menos me catapultar pra uma dimensão mais tranquila e menos ansiosa de coisas que não têm nome.
Joguei sobre você tantos medos, tanta coisa travada, tanto medo de rejeição, tanta dor. Difícil explicar. Muitas coisas duras por dentro.

E tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que você visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo que talvez eu não quisesse que você soubesse que eu era eu, e eu era.
Tão boa atriz que ninguém percebeu minha péssima atuação.
Quero ser o que eu sou, eu sou eu sou amor da cabeça aos pés. Pode agredir, quando chegar o Apocalipse é que a gente vai ver...

Eu dizia que "gostava" de você, que sentia saudade de você, que eu precisava de você, que eu "não conseguia viver sem você". Mas não era amor.
Na verdade eu não me impressiono com mais nada. E quer saber duma coisa? Se acabou mesmo dou a maior força. Acho maravilhoso ter acabado.

Disseste de repente que precisavas ter os pés na terra, porque se começasses a voar como eu, todas as coisas estariam perdidas.
Mas eu te ouvia dizer que sabias ser necessário fazer uma opção, e você fez sua opção, por comodidade, para não te mexeres daquele canto um pouco escuro e um pouco estreito, mas teu. Porque sabias também que em todos os de repentes eu estaria abrindo as asas sobre um desconhecido talvez intangível para ti.

Fantasiei. Até o último momento esperei que você me chamasse pelo telefone. Que você fosse ao aeroporto. Casablanca, última cena.
Derrepente me toquei: Ah, então foi pra ele que eu dei meu coração e tanto sofri? Amor é falta de QI, tenho cada vez mais certeza.

Resolvi ser equilibrista, não me apoiar em nada nem ninguém, sem muletas ou bengala. 'Danem-se', repeti olhando enfrentativa em volta.
Claro, é preciso julgar a si próprio com o máximo de rigidez, mas não sei se você concorda, as coisas por natureza já são tão duras para mim que não me acho no direito de endurecê-las ainda mais.

Não, você não sabe, você não sabe como tentei me interessar pelo desinteressantíssimo.

É dificil aprisionar os que tem asa.

Crosta

formulado apenas com trechos de Caio Fernando Abreu


É uma relação bonita, que eu quero preservar e deixar crescer.
Acontece porém que não tinhamos nenhum preparo algum para dar nome ás emoções,nem mesmo para tentar entendê-las.
Aprendi a amar menos, o que foi uma pena, e aprendi a ser mais cínica com a vida, o que também foi uma pena, mas necessário.
E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça.
Tenho uma vontade besta de voltar, às vezes. Mas é uma vontade semelhante à de não ter crescido. Mas foi bonito. Não tinha importância que não desse muito certo. — Repetiu: — Nós só tínhamos dezesseis anos.
Nós nos inventamos um ao outro porque éramos tudo o que precisávamos para continuar vivendo. Deu vontade de ficar mais tempo junto, deu vontade de levar essa história até o fim.
Na minha memória - tão congestionada - e no meu coração - tão cheio de marcas e poços - você ocupa um dos lugares mais bonitos.
Não, não sei o que gostaria que você me dissesse. Dorme, quem sabe, ou está tudo bem, ou mesmo esquece, esquece. Não consigo.
Mudei, embora continue o mesmo. Sei que você compreende.
É preciso acabar com esse medo de ser tocado lá no fundo. Ou é preciso que alguém me toque profundamente para acabar com isso.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Ensine a pescar


O erro das filantropias é achar que dar o peixe na mão vai solucionar os problemas.
Dê o peixe, antes, ensine a pescar!
Se você der só o peixe, quando ele acabar, a pessoa vai continuar com fome, mas se você ensinar a pescar, mesmo que o peixe acabe, ela não vai passar mais fome.
Dessa forma oferecemos uma ajuda definitiva, verdadeiramente eficaz e que não cria comodismos e até mesmo supostas maladragens.

Se hoje eu fosse realizar um projeto filantrópico, eu faria um projeto que ensinasse pessoas a pescar das mais diversas formas. Seja em workshops, aulas, ou qualquer projeto de ensino. E se eu fosse dar uma doação, seria uma doação que seria útil como objeto de trabalho.
Temos tantas pessoas que tem mil talentos que podem ser lucrativos: costura, maquiagem, artes, culinária...
Em Uberlândia, existe um dos projetos sociais mais eficazes que eu já vi, e que é um exemplo, chama-se Cooking For Life. É um projeto fundado por uma cristã inglesa que mora no Brasil. Ela convocou profissionais para ensinar pessoas carentes, envolvidas com drogas, de baixa renda e afins a serem garçons e trabalharem no setor de gastronomia. São aulas que acontecem em um bairro muito pobre de Uberlândia, onde além de terem a oportunidade (que nunca tiveram) de se tornarem profissionais qualificados, eles escutam e provam do amor e da Palavra de Deus.
Dali já sairam muitas pessoas qualificadas que sustentam suas casas com seu trabalho e que foram transformadas pelo amor e as palavras pregadas naquele lugar. Pessoas livre de drogas, de depressão e de total miséria.
O projeto também conta com um restaurante, onde os alunos trabalham e exercem o que aprenderam na prática.

Há também projetos onde se realizam cursos intensivos e gratuitos de várias atividades lucrativas e que motivam pessoas a sair do comodismo e dão a elas uma oportunidade que nunca tiveram! E de brinde, escutam palavras transformadoras para o espírito! Doações são feitas SIM, mas a vara vem junto com o peixe!

Desejo mais projetos que dêem varas de presente ao invés de peixes, assim como faz o Cooking For Life e vários outros projetos de "pesca" pelo mundo afora!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

M.I.A - Born Free

Se você diz que quer mudar uma realidade, aprenda a encara-la como ela é primeiro.
Todo mundo sabe que eu sou fã da M.I.A, não só porque ela faz música boa, mas porque ela pensa! O protesto dela não é carinhoso e cheio de criançinhas de mãos dadas, é agressivo e mostra as coisas como elas realmente são.
Sem medo de agredir, sem medo de mostrar o que é real.

M.I.A, Born Free from ROMAIN-GAVRAS on Vimeo.

A Ilusão das Igrejas-ONU


Por que as igrejas estão querendo se tonar ONUs com Bono Vox e Angelinas á frente?

Já dei aqui minha opinião sobre filantropia, mas vou esclarecer melhor minha opinião sobre o assunto. Podem discordar, mas estou dissertando em cima de fatos.

Não entendo o motivo de filantropia ser colocada em primeiro lugar em igrejas e ministérios, pelo seguinte motivo:
Ninguém nunca vai parar de ter problemas.

É inútil tentarmos resolver problemas materiais/físicos, uma vez que isso tudo é passageiro.
A condição humana está sempre nos trazendo problemas de saúde e financeiros, mesmo que um se resolva, sempre outro está perto de vir e dentro desses limites, qual a utilidade de nos empenharmos em resolver um desses problemas?
Pode falar que isso reflete a Cristo e até pode refletir, mas se não priorizarmos o conhecimento ao invés da filantropia, no problema seguinte o beneficiado vai esquecer totalmente o que viu e aprendeu com a ajuda passada.
Qual a diferença do que algumas igrejas fazem para o que o Chico Xavier, a Xuxa, a Angelina Jolie ou qualquer instituição de seguimento religioso faz? Nenhuma.
A não ser pelo fato de que os cristãos protestantes ainda estão bem atrás do que outros seguimentos de crenças fazem a tempos!

Outro detalhe importantíssimo e que não devemos temer analisar por medo de sermos julgados frios e calculistas, é que muitas pessoas que são beneficiadas por filantropias são extremamente malandras. Sustentamos pessoas na base da malandragem. Sabemos que muitos pais de famílias carentes não trabalham porque sabem que todo mês vai vir algum grupo ativista pra sustentar a casa e muitos até vendem o que é doado a eles.
Garotos de rua tem táticas infalíveis de comover pessoas na rua para ganhar objetos que vão vender em troca de crack.
Quando chegamos em algumas instituições carentes e em alguns lugares precários, já nos deparamos com crianças pedindo exatamente o brinquedo ou guloseima que querem porque já estão acostumados com o comodismo da lerdeza sentimental de muitos.
A maioria dos mendigos não saem das ruas porque é comodo se sustentar das "boas-intenções" de pessoas.
Se quer ajudar alguém em questões físicas/materiais, ao menos seja esperto. No "ajudar ao próximo", devemos ser muito mais racionais do que emocionais. Devemos saber que muitas vezes o NÃO é mais saudável.
Quando aquela criança miserável que ganhou a boneca da vitrine da loja crescer e a vida dela continuar a mesma decadência, ela vai ver que aquela boneca não foi nada mais que uma ilusão, e sim, isso pode gerar uma revolta.
É muito pior oferecer um sonho limitado que uma hora vai acabar e quando a pessoa acordar ela pode ficar muito revoltada com a sensação do "doce ter acabado".

Na maioria dos casos, quando realiza-se um movimento filantrópico, as pessoas beneficiadas só estão lá pelo material a ser oferecido, se o grupo beneficiador aparecer sem nada material, só com palavras, é raro ter quem dê ouvidos.

Acho totalmente válido ajudar alguém materialmente, mas desde que isso seja muito bem analisado e acompanhado de CONHECIMENTO. A esperança que vem pelo conhecimento da Palavra e não pela ilusão do objeto.
Acredito que muitas vezes um abraço ou uma palavra na hora certa, são muito mais válidos que uma cesta básica.

Vamos nos preocupar em resolver questões da alma, do espírito, estudar formas de como levar palavras e não ilusões, uma esperança verdadeira e não passageira.

O espírito permanece, enquanto o corpo perece.

A questão é simples: Ao invés de dar o peixe, ensine a pescar!