quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ensaio Sobre a Gripe Suína


Como eu estou adimirando as virtudes da alastradora Gripe Suína!
Realmente parece que a coisa é pior do que imaginamos e tende a piorar! Mas para não criar um grande desespero, muitas informações e dados bem maiores estão sendo omitidos pelas nossas autoridades e mídia.
Em Uberlândia, todo tipo de aglomeração foi vetada, de festas e casas noturnas á escolas e reuniões religiosas. Todos sob custódia.
Não que eu seja uma conspiradora, mas sempre desejei que ocorresse um "Projeto Caos" que nem no filme Clube da Luta, ou uma pandemia. Pode parecer sádico, mas gargalhei de alegria com nosso belo e promissor CAOS!

No livro de José Saramago, Ensaio Sobre a Cegueira, um caos parecido com o que estamos vivendo foi relatado. Quando exibido no cinema, classificado como ficção científica por muitos. Ficção que virou realidade pouco tempo depois.

Estamos em uma geração criada pela babilônia, onde a felicidade de todos estão estocadas dentro de casas noturnas, festas, sexo libertino, pessoas descartáveis e alcool. Onde a carência se acalma nos lábios de qualquer desconhecido, esquecemos dos males da vida em um boteco na quarta-feira no espetáculo do futebol, regados a cerveja. Temos nossos "amigos" de final de semana, quando entristecemos ou passamos por alguma desilusão, aplicamos o anestésico das noitadas e alcool, não há conselho vindo de supostos amigos que não seja os tais anestésicos. Nossos objetos de satisfação são as pessoas, de amigos de finais de semana á amantes de finais de semana, agora, infectados.
Na nossa geração, os órgãos genitais se tornaram objetos a serem mostrados publicamente, são carros, Black Label e roupas de marca, agora, inibidos de serem expostos.
Não há mais as muvucas de marca para contarmos aos nossos falsos amigos e pretendentes á amantes qual faculdade boa fazemos e nos gabar dos nossos empregos-status.

Até mesmo a fé é material e baseada em aglomerações. Para muitos a fé consiste em frequentar uma igreja no domingo e esquecer do comprimisso diário com aquilo que dizemos crer, ou até mesmo ser um frequentador frenético que bate ponto na igreja todos os dias mas que usa aquilo como uma ferramenta para forjar uma sensação de "consciência limpa". Agora, nossos templos de falsa fé, correm o risco de também serem vetados. Agora sim, a fé está a prova. Quem crê em um Deus onipresente e quem crê em um Deus de instituições? Quem vai dar férias á fé?

A nossa sociedade carente e movida a status, está proíbida de manter contato com seu principal objeto de satisfação: as pessoas.

O tédio iminente vai descortinar todas as feridas da alma, tirar a venda dos olhos e mostrar o desespero, a depressão e talvez a vontade de dar um tiro na cabeça. E para quem ligar no desespero? Pra onde ir? No que crer? O que fazer?
Temos agora a oportunidade de criar anticorpos e de apender como ser feliz e pleno consigo. Sem os tapa-buracos.

Estamos enjaulados nas nossas próprias casas.
Não há oportunidade melhor do que essa clausura para enxergarmos a mentira de vida que vivemos mais intensamente dia após dia.
Em meio á falta de tudo aquilo que cobre e esconde as nossas carências e desfalques, temos a belíssima oportunidade de discernir o que de fato é real.
Com todas as nossas feridas expostas, sem os habituais anestésicos, finalmente pode-se encarar a feirua e a dor daquilo que por muito tempo, foi encoberto. Agora todos vão se enxergar como realmente são, ver quem são os amigos e quem são os acessórios de fim de semana, ver que por muito tempo tampamos nossas tristezas com alcool e vivemos tomando doses de pão e circo para sermos mentirosamente felizes.

Com as carências e o tédio descobertos, vamos descobrir quem de fato somos e o sentido de tudo o que até hoje chamamos de vida.
Não há melhor oportunidade para começar a construir uma plenitude verdadeira de viver, sem as nossas mentiras. Analisar o que vale a pena e pelo o que vale a pena viver e lutar. Será que agora verão o que é passageiro e o que é eterno?
Será que no desfalque da fé material vamos procurar uma fé verdadeira?

Quando acabar isso tudo, não sei se muitos vão estar acordados e lavados de suas farsas, ou se vão voltar a colocar vendas nos olhos e aplicar anestésicos.

Espero ansiosamente por um caos e uma reflexão. É a nossa chance, de derrubar e construir conceitos, de ver o que é ou não verdade e de sair da mentira que até hoje conseguimos chamar de vida.


Para refletir sobre isso tudo:
O filme Clube da Luta (direção: David Fincher/ baseado no romance de Chuck Palahniuk) e o filme e livro Ensaio Sobre a Cegueira (livro de José Saramago / Filme por Fernando Meirelles)

2 comentários:

  1. Amandita, amei o texto....acho que nossas idéias são as mesmas, será que são gens parecidos?rsssssss
    beijo grande moça linda!

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  2. Gosto muito dos seus textos embasados em Clube da Luta. Um outro post seu, mais antigo, em que você fala sobre o "câncer do novo mundo", pra mim é fantástico. Parabéns, mesmo. Continue escrevendo!!! Um abraço.

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